sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cedência de Passagem


Ao ir para a Rodonorte na passada quinta-feira apercebi-me de um facto interessante. Os habitantes de Vila Real, ao verem os estudantes (principalmente mulheres) com malas pesadas, não se movem um único milímetro para lhes ceder passagem.
Ora, eu ia com a minha mala, que ninguém percebe porque pesa tanto, e tive de atravessar um passeio muito estreito. Deparei-me então com uma senhora, que ao invés de me deixar passar, esperou que eu a deixasse passar. Foi como se nem tivesse visto a minha grande, shining e barulhenta mala.
Isto intrigou-me tanto que vim a viagem toda a pensar no que tinha acontecido. Depois de tanto pensar só encontrei duas possíveis justificações para o ocorrido.
Primeira. Os habitantes da cidade vêem os estudantes como uma espécie nocturna e destruidora de cidades. Que são como morcegos, que vivem de noite e dormem de dia e, que o pouco tempo que passam fora das discotecas e bares é única e exclusivamente aproveitado para destruir a cidade. E por os considerarem desta forma, os Vila-realenses não cedem a passagem aos indefesos jovens carregados, pois só os querem ver fora dali, e o mais depressa possível. Porém, esta ideia teria um certo sentido se não se estivesse a falar dos estudantes de Vila Real. É notável o carinho que os jovens de fora mostram pela cidade. Respeitam-na e adoram-na como se fosse a sua cidade natal.
Não, não acredito nesta justificação. Não é possível.
Segunda. A Utad (antigo Instituto Politécnico de Vila Real) foi criada em 1973 e fazendo as contas já se passaram 36 anos. Por isto, penso que os habitantes da cidade já estão tão habituados com a presença dos estudantes na cidade que já os consideram parte integrante da mesma. Sem eles a cidade não teria evoluído como evoluiu. Sem eles a cidade não seria o que é agora. Assim, o desenvolvimento da cidade deve-se em parte à presença dos jovens “estrangeiros” e se os seus habitantes percebem isso é bem provável que quando passa um estudante cheio de malas eles nem se apercebam disso por ser algo tão normal. Afinal eles até são fofinhos.
Esta justificação é boa. Sim eu acredito nela.

2 comentários:

made in ♥ love disse...

Por acaso é uma coisa que me enerva é não cederem passagem aos peões... falta de civismo!

Um beijinho
Eduarda
Be in ♥ love

Sansão Gomes disse...

Daniela, deves distinguir dois seres: os habitantes comuns de Vila Real e os utilizadores de autocarros.
O habitante comum é alguém que gosta de receber o estudante e sabe da importância vital que a UTAD tem na economia vilarrealense. Assim, este ser é bastanta afável e simpático para com os jovens que invadem a terra de Camilo Castelo Branco para se divertirem e estudarem (de vez em quando).
Porém, o utilizador de autocarro (ou de carreira, como os próprios baptizaram) é um ser desprezível, não aconselhável e altamente hostil. Repare-se como todos correm atrás do autocarro como se da sua chegada em primeiro lugar dependesse a descoberta da cura para o fome do mundo. Observe-se também o típico odor característico deste utilizador que consegue conciliar num único aroma suor, sujidade, e em casos não raros, urina incontinente. Para terminar é também característico desta espécie um excesso de zelo que se traduz num medo extremo de contágio de doenças caso se sentem ao lado de outra pessoa, nomeadamente se esta for de raça negra. Para observar este comportamento basta entrar num Corgobus em hora de ponto onde lugares sentados vazios convivem com um enorme aperto das pessoas que vão de pé.
Daniela, lamento que tenhas sido vítima dos actos desta espécie mas são as vicissitudes da vida académica. De qualquer forma, gostei do teu blog.

Enviar um comentário

Obrigada pelo comentário! Volta sempre. Segue. (: